2007-12-24

Um Bom Natal.

Desejo a todos que habitualmente visitam este blog, um Bom Natal e um Ano Novo, com tudo o que desejarem.

Só voltarei a escrever neste blog, talvez lá para o dia 18 de Janeiro. Vou assistir à passagem de ano na Ilha da Madeira, e ficarei lá mais uns dias.

Divirtam-se o mais possível com as Festas.
José

2007-12-23

Diário de um hipocondríaco # 5

Este é o ultimo artigo sobre este assunto. Avancei uns meses no diário, para transcrever uma situação vivida pelo Fernando, que achei pouco vulgar. Só modifiquei um pouco a descrição, para não a tornar muito longa.
02-10-75 --- Pela manhã, quando me preparava para ir trabalhar, senti que o coração estava muito acelerado. Verifiquei no pulso, contei 150 pulsações por minuto. Entrei em pânico e fui à urgência de um hospital psiquiátrico. Quando lá cheguei, fui atendido por um administrativo, a quem tive que dar o meu nome, idade, morada, nome do pai, da mãe, número da assistência social,doenças anteriores, etc., para preenchimento de uma ficha. En seguida mandou-me esperar, pois o médico de serviço, tinha se ausentado por uns momentos. Esperei 20 minutos, eu estava bastante aflito e fui ter com o administrativo e disse: Não me diga que o Sr. Dr. ainda não chegou? Ele respondeu que realmente o médico estava atrasado.
Eu já estava descontrolado. Isto é um serviço de urgência, o médico tem que estar aqui, disse eu já com a voz alterada. Aguardei mais 15 minutos e vejo entrar um senhor para um gabinete. O administrativo foi logo ter com ele, e ficaram a conversar uns dez minutos. Eu julgava que morria ali mesmo. Fui à porta do gabinete, que ficara entreaberta e perguntei se não me podia atender, pois estava me sentindo mal. O doutor, responde: Feche essa porta, o sr. não está nada doente!
A verdade é que 5 minutos depois, mandou-me entrar. Sentei-me, e o dr. com um ar aborrecido, pergunta: Então o que é que o sr. tem? Eu então digo: Ah! O sr dr, não sabe? Eu julguei que sabia, pois quando apareci naquela porta, o sr fez logo o diagnóstico!
O médico insistiu na pergunta, e contei-lhe o que estava a sentir. Ele verificou as pulsações, olhou para a ficha e daí em diante desenrolou-se uma amena conversa, durante a qual ele ficou a saber a minha vida, de há dois anos para cá, e eu fiquei a saber que ele estava seguindo uma determinada especialidade.
Uma hora passou e ele "viu" outra vez o meu pulso e disse: Há uma hora o sr. estava com 155 pulsações por minuto, agora está com 90. Como vê eu tinha razão, o sr. não tem nada. E ainda bem! Agora vá para casa, deite-se, e descanse mais uma hora. De tarde pode ir trabalhar.
Estou admirado como uma simples conversa, fez o coração bater mais calmamente. Os incómodos que estou sempre a sentir, deve ser tudo do meu sistema nervoso, que está avariado.
Passei o resto do dia bem.
E era mesmo, pois o Fernando, segundo me disse no dia em que estivemos a falar, actualmente está de boa saúde.
José

2007-12-14

Porquê tantos casamentos se desfazem?

Eu só vou dar a minha opinião: O namoro não é utilizado para se conhecerem. Os jovens entendem (mal), que já sabem tudo. Eles apenas desejam saber se sexualmente se entendem, mas isso não é tudo. Praticamente não conversam, porque encontram-se em grupo e isso não dá para conversar: Divertem-se, dançam, bebem uns copos, e fazem horas para chegar a casa às 7 ou 9 horas da manhã. Depois dormem toda a manhã, quando não é o dia todo. Para quê, se não utilizaram o tempo que estiveram juntos, para um melhor conhecimento.

Um sobrinho meu quando confrontado com a minha observação, de que é preciso conversar, para saberem como reagiria a garota (ou o rapaz ) numa situação do quotidiano, ele respondeu-me: Conversar para quê? Resposta evasiva que demonstra, ausência de objectivos. Mas tu não queres casar com a tua namorada? A resposta dele foi: Sei lá? Mas não gostas dela? Gosto! Então qual a qualidade que mais aprecias nela. É boa na cama! É compreensiva. Só chateia porque quer estar sempre comigo.

Calei-me e pensei: Ele só sabe que ela é boa na cama! Voltei à carga: Não sabes mais nada? Sei que os pais dela me deixam dormir em casa deles e a meio da noite passo para a cama dela.
Mas só ficas a saber um aspecto da vida da tua namorada. Precisas de muito mais. Bem, diz ele, ela é uma rapariga que está sempre aos beijos. Ela é muito fácil. E tu gostas disso? Bem, os pais são ricos. E é isso que te interessa? Supõe que tu pensas que eles são ricos mas eles não são? Então fui enganado, e isso não admito.

E é esta a visão que um puto de 23 anos, tem da vida! E a menina? Não indaguei junto de nenhuma. Mas adivinho as respostas. Gosto dele porque é giro, meigo, educado e vai me fazer feliz. Isto é que eu chamo: ter uma fézada de que vão ser felizes. Depois da boda, que vai custar uma "nota negra", vão para a casa deles (comprada pelos pais), e passada a lua de mel, quando já não vêem desiludidas (as noivas, mais frequentemente). começam a conhecer o cônjuge e a descobrir que afinal ele não é nada do que ela julgou. Ele por sua vez, vai dizer que: afinal o que sabes fazer, ovos estrelados, não. Isso até eu sei! E lá vão comer num restaurante, acompanhados de uma discussão, sobre: Isto assim não está bem. Sabes ao menos arrumar uma casa? E tu, pergunta ela. Achas que só eu tenho que saber? Ou não tencionas colaborar! O tempo que els perderam a dançar e a ir para a cama! Mas isto sucede constantemente.

E quando convidarem alguns amigos para ver os vídeos do casamento, estes já notarão que aquilo não vai durar muito. Passado 10 meses, os amigos terão conhecimento que se divorciaram. E lá voltam para as casas dos repectivos pais, nem querendo ouvir falar do casamento, que só lhes trouxe sofrimento.

Os jovens sabem tudo de computadores, da artista da moda, muito pouco de amor, nada da vida, mas fecham todos os canais, onde podiam aprender, de comunicação com os pais.

Talvez os pais tenham culpas por não terem tido tempo de conversar com os filhos, sem ser a criticar. É que há pais que só falam das partes negativas. E isso os filhos não gostam de ouvir. Assim os adultos contribuem para o corte de comunicação com os adolescentes. Não é preciso ser o pai camarada. O filho tem que sentir que há uma autoridade que ele deve respeitar e cumprir as regras da casa. Se o lar é uma escola para a vida. Há que conversar com os filhos calmamente.

O tempo passa depressa, qualquer dia eles já não estarão em casa. E se saírem preparados para a vida, os pais podem dizer: Missão cumprida. Se saírem mal preparados, os pais vão sofrer com o sofrimento deles.

Amor e serenidade, quanto a mim, é o que deve presidir à relação. E regras, que os filhos têm que acatar. A vida é feita de regras, se eles não vão habituados a cumpri-las, então vão sofrer muito.

Aqui fica muito por dizer. Há muitos outros aspectos que poderiam ser abordados, mas este post já vai longo.

José

2007-12-13

Diário de um hipocondríaco # 4

Nestes dias, o Diário mostra uma outra faceta do Fernando. Vamos ver.
05-03-75 --- Hoje atendi um cliente que me achou pálido. Foi o suficiente para me estragar o dia. Aliás já não é a primeira vez que os colegas ou algum cliente, faz uma observação sobre a minha aparência e eu fico impressionado.
Ao almoço comi peixe grelhado, duas horas depois começa o estômago a doer. Será que tenho alguma úlcera? À noite estive melhor.
06-03-75 --- Acordei com uma sensação de enfartamento, Mesmo assim tomei o pequeno almoço. Mais tarde senti uma pontadas no lado direito, no sítio da vesícula. Depois do almoço, as tais duas horas, eram quase cólicas na zona da vesícula. Mais tarde era em todo o abdómen.
07-03-75 --- Hoje pesei-me e estou mais magro 2 kg. Aparentemente não tenho motivos para ter emagrecido. Que se passa? Vou ter atenção ao meu peso. De resto, senti os mesmos sintomas que tive ontem.
08-03-75 --- Hoje é sábado. Depois do pequeno almoço, senti um mal estar geral. Volta e meia sinto isto. Tomei um calmante e melhorei. Fui á natação e como sempre, venho de lá bem disposto. Já reparei que há duas coisas que melhoram a minha disposição, é a natação e os ansiolíticos.
09-03-75 --- De manhã, saí e fui até ao café. Saí porque estava bem. Estive a ler o jornal. Ao almoço comi com apetite, mas a meio da tarde começou a doer a cabeça e à noite continuou a doer. Agora vou me deitar e ainda continua a dor.
10-03-75 --- Senti-me muito mal no trabalho, já pensava que era um enfarte. Mas felizmente não era, porque passou, com um ansiolítco e meio (reforcei a dose). Ao fim da tarde, já em casa voltei a sentir-me mal. Os sintomas eram: além do mal estar, sentia falta de forças. Deitei-me
e ainda estive mal durante uma hora.
11-03-75 --- Hoje não fui trabalhar. Estava combalido e mau disposto. Eram náuseas e dor de cabeça forte. Dormi toda a manhã. Não passou a dor, tomei dois analgésicos e 1 hora depois estava um pouco melhor.
E eu por hoje acho que já chega. Estas coisas não podem ser em grandes doses. E só escreverei sobre este diário, mais uma vez. Não tive qualquer feedback e não quero cansar as pessoas que têm a amabilidade de visitar este blog.
José Pereira

2007-12-10

A água que você bebe já foi utilizada. Saiba porquê.

Quando você enche um copo com água fresca, não lhe passa pela cabeça que essa água já foi utilizada milhares de vezes. Não tinha pensado nisso, pois não? É que a quantidade de água que há no mundo, é constantemente a mesma. A água que corre nas canalizações já existia há milhões de anos.
Isto resulta do percurso deste liquido, num ciclo constante, na Natureza. Vá, lembre-se do que aprendeu. A água que se encontra na superfície da terra, passa para a atmosfera por causa da evaporação. Quando esse vapor de água contido no ar, atinge uma certa concentração, condensa-se e volta à terra em forma de precipitação. A precipitação, será em forma de chuva ou de neve.
Depois de chover ou nevar, a água tem vários destinos. Ou evapora-se e volta para atmosfera; ou é utilizada pelas plantas e pelos animais; ou infiltra-se nos terrenos permeáveis, e quando chega às camadas impermeáveis, dá origem às águas subterrâneas; ou corre na superfície pelos declives, formando torrentes e rios; ou ainda, pode ficar armazenada em lagos, etc..
As águas subterrâneas atravessam leitos de areia, libertam-se das impurezas e aparecem limpas, quando chegam ao mar, poços, lagos, e mananciais.Em geral, as águas subterrâneas e as superficiais, seguem a mesma lei. Isto é, vão pelo caminho mais fácil, que são os terrenos com inclinação. Só que as subterrâneas são mais lentas. Acontece, que mais tarde ou mais cedo, elas voltam para a atmosfera por evaporação.
A quantidade de água que sobe (evaporação), é igual à que se precipita (condensação). As precipitações e as evaporações variam conforme as regiões do globo. Porquê? Porque a evaporação depende da quantidade de águas que existem à superfície, e também, do grau de humidade que o ar pode absorver. As precipitações, já dependem mais das condições locais. Se existem montanhas que retêm as massas de ar, estas acabam por ficar saturadas e libertam-se da água que trazem.Por sua vez, do outro lado da montanha, choverá pouco, porque as nuvens que passaram, já não estão saturadas.
E qual é a fonte de energia que faz funcionar este ciclo maravilhoso da água ? Já sei que você sabe que é o Sol. É ele que liberta a energia exacta, para que a água ao evaporar, passe para a atmosfera e possa voltar a cair sobre a terra.
Trabalha tudo na perfeição, mas infelizmente estamos a estragar este equilíbrio.
José Pereira
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2007-12-09

Diário de um hipocondríaco # 3

Conforme prometi, continuarei estas transcrições do diário do Fernando até o nº 5, depois, ou continuo ou deixo de o fazer definitivamente. Depende do que os leitores leitores quiserem.
27-01-75 --- Praticamente não senti nada de anormal, hoje, excepto, quando ao jantar, comi ovos. Fiquei enfartado até me deitar, foi quando passou. Não podia ter um dia completamente bem, mas não posso me queixar. Quando mal que seja assim.
30-01-75 --- Hoje, a minha razão de queixa, foi uma dor de cabeça que me acompanhou todo o dia. A manhã tenho consulta marcada para o médico de clínica geral. Vamos ver o que ele diz.
31-01-75 --- Ele disse que eu estou bem. Que o que eu faço é má drenagem intestinal. Receitou-me Caroide e Gastromuto.
03-02-75 --- O médico é que está bem, não eu. Hoje ao fim do dia tive cólicas e sentia mal estar geral. Não percebo. Gasto dinheiro a ir ao médico, e a comprar remédios e continua tudo na mesma.
04-02-75 --- Ontem à noite comecei a tomar o Caroide, hoje de manhã tive diarreia e de tarde também. Almocei e fiquei enfartado. Mal estar geral e tonturas, à tarde. E é isto. Contam-se pelos dedos de uma mão, os dias em que estou bem.
28-02-75 --- Hoje é sexta, há 4 dias acabei o Gastromuto, hoje tive de manhã, dores de estômago. Almocei e elas continuaram. Só passaram ao fim da tarde. Ás 14 horas começou a doer-me a cabeça que permaneceu até à hora de deitar. Deitado já me doe menos.
01-03-75 --- Hoje é sábado. Dores no estômago, que passaram e mais tarde voltaram. Nestes últimos dias sempre que tomo uma refeição fico enfartado.
02-03-75 --- Hoje, enfartado após as refeições, depois pequenas dores no estômago, mais tarde as dores passam para o intestino. A noite jantei um bife, e ando nisto. Tanto faz comer pouco ou muito tenho sentido os mesmos sintomas.
03-03-75 - Quase todo o dia com dores no estômago. Não são fortes, mas incomodam.
04-03-75 --- Dores no estômago o dia todo. Antes e depois das refeições. A minha mulher diz que tudo o que eu sinto é provocado pelo meu temperamento nervoso. E que excluindo esse problema do nervoso, eu não estou doente. O médico, outro dia também disse que eu estava bem. Nesse andar, ainda vou morrer cheio de saúde!
É melhor aproveitar este desabafo irónico do Fernando, para ficar por aqui. Mas deve ter sido difícil para o Fernando e para a famìlia este clima.
José Pereira

2007-12-07

Diário de um hipocondriaco # 2

Estou de volta para continuar a seguir esta fase esquisita da vida do Fernando. Felizmente sei o final desta história e posso dizer que acabou bem. Agora continuando a leitura.
21-01-75 --- Passei a manhã relativamente bem, mas de tarde veio outra vez aquela aborrecida dor surda no estômago. e à noite ainda permanecia.
22-01-75 --- Acordei bem disposto, mas durante a manhã aborreci-me com um colega e esta pequena contrariedade foi o suficiente, para ficar com dores no estômago. Só passaram depois de ter tomado um ansiolítico. O que o sistema nervoso é capaz de fazer!
23-01-75 --- Hoje durante a manhã estive nervoso e logo aparecem as dores que já nem sei se é no intestino ou no estômago. Os intestinos borbulhavam. Ao fim da tarde fui fazer natação. Nadei durante uma hora, mas vim de lá bem disposto.
24-01-75 --- Hoje passei o dia bem. Só durante meia hora vieram as dores no estômago. Já vou me habituando.
25-01-75 --- Hoje de manhã senti tonturas e dores abdominais. De tarde fui ao cinema e senti-me mal. Estive quase a sair da sala do cinema e vir até cá fora. Acabei ficando porque melhorei.
26-01-75 --- Quando me levantei esta manhã, não me senti bem. Depois sentia uma fadiga enorme. O resto do dia falei muito pouco, estava com muito mau humor. Que vida esta! É mais o tempo que me sinto mal do que aquele em que estou bem disposto.
Hoje vou ficar por aqui. Vou arejar, pois tenho compromissos!
José

2007-12-06

Diário de um hipocondríaco #1

Para dar satisfação ao pedido do meu colega Fernando vou iniciar a transcrição do seu antigo diário. No entanto, de comum acordo com ele. começarei por fazer cinco artigos, e se entretanto o feed back for positivo, isto é, se os leitores entenderem que devo prosseguir, façam o favor de dizer. Não havendo comentários, interpretarei como "não deve prosseguir".
O diário tem a primeira entrada no ano de 1975, e passo a transcrever:
02-01-75 --- Não tenho andado a sentir-me bem, mas esta manhã acordei bem disposto. Ao almoço comi peixe grelhado com massa integral. às quatro horas da tarde, comecei a sentir uma dor no lado direito do intestino que foi subindo até ao estômago. Ao mesmo tempo sentia um mal estar e náuseas. A comida vinha-me à garganta. Tomei um calmante às 16,30 horas, e passou o mal estar. à noite jantei apenas fruta. Fiquei enfartado e com uma pequena dor surda no estômago Deitei-me às 23 horas, e já deitado ainda sentia a tal dor.
03-01-75 ---Acordei hoje com uma maçadora dor no lado direito, mas de tarde passou, e o resto do dia passei mais ou menos bem.
05-01-75--- É domingo. Amanheci com uma espécie de urticaria, à noite piorei, mas não estou muito preocupado. Isto deve passar. Foi alguma coisa que comi.
07-01-75 --- De manhã quando ia para o trabalho, eram picadas no estômago. Voltei a senti-las de tarde, mas depois, felizmente passaram. Ainda ando com a alergia, mas agora já não me incomoda muito.
08-01-75 --- Hoje, já quase não tenho a urticaria. Mas em compensação, lá está a dor de estômago, é de pequena intensidade mas chateia. Ao jantar comi três maçãs. Logo a seguir volta
a dor, que se manteve até eu adormecer.
O autor deste diário só volta a escrever no dia 18. Talvez tenha passado bem, ou esteve muito ocupado para se lembrar dos seus sintomas.
18-01-75 --- Acabo de chegar da festa de aniversário da mulher do Aníbal. Fingi que estava bem, mas não estava. Era um desconforto no estômago, eram náuseas. Quando chegou a hora do champanhe, tomei duas taças e passou tudo. Se o remédio fosse este...
19-01-75--- Hoje é domingo, a manhã decorreu calmamente. Que boa manhã eu passei! Ás 18 horas comecei a ter gases e desconforto no intestino. Irra, tanto gás! Expulso-os a todos. Até ao deitar foi esta chatice e tambám o desconforto. Já deitado fico a pensar que deve ter sido do que comi e bebi ontem na festa. É sempre assim, abuso um pouco e no dia seguinte pago a factura. Que vida esta!
20-01-75 --- A noite passada dormi bem, mas quando me levantei senti logo um mal estar e aquela impressão dolorosa. Só tomei leite ao pequeno almoço. Passei todo o dia com aquela impressão nos intestinos. Evacuei quase diarreia. Para o fim da tarde melhorei, e à noite estou bem. Hoje já não tive muitos gases.
Pela pequena amostra pode-se verificar que o Fernando vivia muito atento a qualquer sinal do seus órgãos. O que é característico numa pessoa que estava, numa fase, eu diria, aguda de hipocondria. E por hoje é melhor ficar por aqui.
José

2007-12-05

Diário de um hipocondríaco

Há quatro dias encontrei no café um colega de profissão, agora reformado, que já não via há dois anos.Conversámos mais de uma hora, o tempo suficiente para pôr a conversa em dia. Falei do meu blog, expliquei-lhe o que era.

O meu colega, a certa altura no meio de uma gargalhada, propôs que eu contasse no blog, a época da vida dele, em que teve um esgotamento nervoso e ficou sem trabalhar durante um ano e meio. Sofreu muito, e quando melhorou estava hipocondríaco. Para preparar as consultas, resolveu fazer um diário. É essa fase que ele me autorizou a escrever, com a condição de eu compor o estilo telegráfico em que ele escreveu. E esforçar-me por perceber a sua letra.

Dois dias depois entregou-me três cadernos, de que já li algumas páginas. Pediu-me também que fizesse os comentários que entendesse fazer.

Disse ele, que nessa época só falava de doenças. Os colegas de trabalho apelidaram-no de "maníaco das doenças" E terá sido preciso o passar dos anos e a mudança que ele impôs a si mesmo, de não voltar a falar do seu sofrimento, que mudou a atitude dos colegas, para com o Fernando, que é o seu nome fictício que aqui usarei.

No próximo artigo, começarei a transcrever o que o Fernando confessou ao Diário.

José Pereira